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Fossa biodigestora ajuda a produzir adubo orgânico
12/05/2004Fonte: OESP, Agrícola, p. G3
Fossa biodigestora ajuda a produzir adubo orgânico
Sistema da Embrapa reduz poluição de águas e produz fertilizante orgânico a baixo custo
Niza Souza
No Brasil, é bastante comum o uso de fossas rudimentares (fossa negra, poço, buraco) em pequenas propriedades rurais. Mais comuns ainda são as contaminações em lençóis freáticos e águas subterrâneas causadas por essas fossas. "Mais de 90% dos poços caipiras estão contaminados por coliformes fecais", alerta o pesquisador e consultor da Embrapa Instrumentação Agropecuária, de São Carlos (SP), Antonio Pereira de Novaes.
Em busca de melhorias no saneamento rural, a Embrapa desenvolveu e está difundindo a fossa séptica biodigestora, que transforma toda a sobra dos excrementos em produto final de degradação. A grande novidade no sistema, explica o pesquisador, é a adição de esterco bovino fresco no processo. "O esterco contém uma flora capaz de digerir toda a sobra dos excrementos e transformá-los", afirma.
Além de melhorar a qualidade do saneamento e reduzir os riscos de contaminação, a fossa biodigestora ainda possibilita ao produtor economizar com adubos. "Esse processo desdobra amido, proteína, gordura, uréia, e forma um composto totalmente isento de coliformes fecais, que serve como adubo orgânico." Segundo Novaes, com a fossa é possível economizar até 4.200 quilos de adubo por ano.
Processo[/INTERTITULO] - O sistema, afirma o pesquisador, é muito simples de ser feito, tem baixo custo, e todo o material necessário é facilmente encontrado no mercado. São necessários três caixas d'água de mil litros. As duas primeiras devem ser conectadas ao vaso sanitário (na pia da cozinha não, porque a água da pia não tem potencial patogênico e o sabão ou detergente usados para lavar louça têm propriedades que inibem o processo de biodigestão). A terceira caixa servirá para coleta do efluente (adubo orgânico).
O processo é feito de forma anaeróbica, ou seja, sem ar. Por isso, é fundamental que as tampas sejam bem vedadas, de preferência com borracha. As caixas devem ser unidas por tubos e conexões PVC. Essas conexões também devem ser vedadas na junção. Neste caso, pode-se usar cola de silicone. O sistema deve ficar enterrado no solo para manter o isolamento térmico.
Para uma família de cinco pessoas, por exemplo, o resultado é de aproximadamente 50 litros de água/resíduos por mês. O material depositado nas caixas deve fermentar por aproximadamente 35 dias. "Esse período é suficiente para uma completa biodigestão, permitindo que o efluente possa ser usado como adubo", ressalta Novaes.
Na primeira caixa, deve-se colocar uma mistura de 10 litros de água e 10 de esterco bovino fresco. A terceira caixa, a coletora, deve conter um registro de esfera de 500 milímetros, onde será feita a coleta dos efluentes. No caso de não aproveitamento do efluente como adubo, pode-se montar na terceira caixa um filtro de areia, que permitirá a saída de água sem excesso de matéria orgânica dissolvida. Para fazer o filtro, basta colocar no fundo da caixa uma camada de 10 centímetros de pedra britada número 3; por cima, mais 10 centímetros de pedra britada número 1; uma tela de náilon fina (tipo mosquiteiro) e uma camada maior de areia fina lavada. A água pode ser jogada no riacho mais próximo, pois, depois de depurada, não é poluente.
Curso[/INTERTITULO] - Na semana passada, a Embrapa promoveu em São Carlos um dia de campo para demonstração da fossa séptica biodigestora e reuniu cerca de 400 produtores. "Nosso maior objetivo é atingir principalmente as regiões de microbacias e tentar padronizar a fossa biodigestora, para tentar reduzir a poluição nos rios e bacias", destaca.
OESP, 12/05/2004, Agrícola, p. G3
Sistema da Embrapa reduz poluição de águas e produz fertilizante orgânico a baixo custo
Niza Souza
No Brasil, é bastante comum o uso de fossas rudimentares (fossa negra, poço, buraco) em pequenas propriedades rurais. Mais comuns ainda são as contaminações em lençóis freáticos e águas subterrâneas causadas por essas fossas. "Mais de 90% dos poços caipiras estão contaminados por coliformes fecais", alerta o pesquisador e consultor da Embrapa Instrumentação Agropecuária, de São Carlos (SP), Antonio Pereira de Novaes.
Em busca de melhorias no saneamento rural, a Embrapa desenvolveu e está difundindo a fossa séptica biodigestora, que transforma toda a sobra dos excrementos em produto final de degradação. A grande novidade no sistema, explica o pesquisador, é a adição de esterco bovino fresco no processo. "O esterco contém uma flora capaz de digerir toda a sobra dos excrementos e transformá-los", afirma.
Além de melhorar a qualidade do saneamento e reduzir os riscos de contaminação, a fossa biodigestora ainda possibilita ao produtor economizar com adubos. "Esse processo desdobra amido, proteína, gordura, uréia, e forma um composto totalmente isento de coliformes fecais, que serve como adubo orgânico." Segundo Novaes, com a fossa é possível economizar até 4.200 quilos de adubo por ano.
Processo[/INTERTITULO] - O sistema, afirma o pesquisador, é muito simples de ser feito, tem baixo custo, e todo o material necessário é facilmente encontrado no mercado. São necessários três caixas d'água de mil litros. As duas primeiras devem ser conectadas ao vaso sanitário (na pia da cozinha não, porque a água da pia não tem potencial patogênico e o sabão ou detergente usados para lavar louça têm propriedades que inibem o processo de biodigestão). A terceira caixa servirá para coleta do efluente (adubo orgânico).
O processo é feito de forma anaeróbica, ou seja, sem ar. Por isso, é fundamental que as tampas sejam bem vedadas, de preferência com borracha. As caixas devem ser unidas por tubos e conexões PVC. Essas conexões também devem ser vedadas na junção. Neste caso, pode-se usar cola de silicone. O sistema deve ficar enterrado no solo para manter o isolamento térmico.
Para uma família de cinco pessoas, por exemplo, o resultado é de aproximadamente 50 litros de água/resíduos por mês. O material depositado nas caixas deve fermentar por aproximadamente 35 dias. "Esse período é suficiente para uma completa biodigestão, permitindo que o efluente possa ser usado como adubo", ressalta Novaes.
Na primeira caixa, deve-se colocar uma mistura de 10 litros de água e 10 de esterco bovino fresco. A terceira caixa, a coletora, deve conter um registro de esfera de 500 milímetros, onde será feita a coleta dos efluentes. No caso de não aproveitamento do efluente como adubo, pode-se montar na terceira caixa um filtro de areia, que permitirá a saída de água sem excesso de matéria orgânica dissolvida. Para fazer o filtro, basta colocar no fundo da caixa uma camada de 10 centímetros de pedra britada número 3; por cima, mais 10 centímetros de pedra britada número 1; uma tela de náilon fina (tipo mosquiteiro) e uma camada maior de areia fina lavada. A água pode ser jogada no riacho mais próximo, pois, depois de depurada, não é poluente.
Curso[/INTERTITULO] - Na semana passada, a Embrapa promoveu em São Carlos um dia de campo para demonstração da fossa séptica biodigestora e reuniu cerca de 400 produtores. "Nosso maior objetivo é atingir principalmente as regiões de microbacias e tentar padronizar a fossa biodigestora, para tentar reduzir a poluição nos rios e bacias", destaca.
OESP, 12/05/2004, Agrícola, p. G3
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